Os problemas do Uniatismo



Desde o concílio de Florença (1431-1449) e a União de Brest (1596), a Igreja Católica Romana tende sempre procurar estreitar a relação com os orientais através da latinização do pensamento oriental, fazendo com que esses grupos submetam-se ao bispo de Roma, mesmo que ainda mantenham suas tradições nas vestimentas, liturgias, dogmas etc. esse espantoso movimento uniastista tem sido cada vez mais debatido entre Ortodoxos e Romanos, pois há vontade de ambos que se juntem novamente - a Igreja de Roma com a submissão das Igrejas Ortodoxas ao papa, e os Ortodoxos com a volta de Roma à pentarquia - para que restabelecem a unidade das igrejas. Mas, ora, essa unidade só pode ser estabelecida a partir do momento em que há reconhecimento mútuo dos sacramentos, dogmas, rituais da divina liturgias e submissão. Roma tem se aproveitado das crises políticas para estreitar relações com as Igrejas Orientais e Grego-Católicas. Esses movimentos uniatas ganharam cada vez mais força com o movimento de contrarreforma, com medo de que as visões de Calvino e Lutero cheguem ao oriente e converta os latino-orientais - A Igreja Ortodoxa várias vezes foi falsamente acusada de aderir aos dogmas calvinistas - o que poderia enfraquecer mais ainda a pequena influência de Roma no Oriente e agravar o isolamento geográfico do patriarcado cismático ocidental.

Por mais que Católicos Orientais Uniatas e a Igreja de Roma defendam essa união, historicamente, essa noção de uniatismo é pós-cisma, sendo algo moderno, latinizador, que tende a buscar a submissão do oriente à Roma. O maior argumento pró-uniatismo é do mantimento das tradições das igrejas de rito bizantino, porém, historicamente falando, a preservação dos costumes de várias igrejas locais era tão grande que fez com que possuíssem identidade própria, desde que não violassem pilares essenciais da unidade. O proselitismo da Igreja Romana tem causado também crises na identidade nas igrejas orientais, sendo mantido vestes, ritos, dogmas e entre outros fatores que confundem a fé romana. Ora, como podem ser latinos, se os próprios orientais, mesmo em submissão ao papado, não reconhecem a Filioque, Imaculada Conceição, sagrado coração de Jesus? Seria um tipo de submissão que demonstra o poder de Roma aos orientais? A unidade também não deveria estar presente nas questões litúrgicas, espirituais e dogmáticas? Isso mostra que o sistema uniata está cheio de inconsistências graves, como diz o tradutor do artigo do Padre Theodore Zissis[1]:

“O uniatismo é a prova de que Roma só se preocupa com a obediência ao Papa e não com a unidade da fé, os uniatas veneram santos que combateram os erros da Igreja Católica Romana como São Fócio, São Marcus de Éfeso, São Gregório Palamas. Roma não vê problema nisso, contato que obedeça ao Papa. Essas contradições também são vistas em outras igrejas orientais em comunhão com Roma. Por exemplo, um santo da Igreja Armênia (não-calcedoniana, isto é, monofisita) Gregório de Narek foi declarado Doutor da Igreja pelo Papa Francisco em 2015; os coptas uniatas veneram Severo de Antioquia; os uniatas do Oriente Médio e região veneram Nestório; a igreja "melquita" de maneira contraditória considera o Vaticano I um sínodo ocidental local e não o considera vinculante.”

O problema de Roma é aceitar igrejas que nem reconhecem o concílio Vaticano I, tratando-lhe com apenas um concílio regional e não universal da mesma.

            Outro problema central que assola os uniatas é a veneração de santos que combatiam as heresias da Igreja de Roma, como o próprio São Gregório de Palamas, São Marcus de Éfeso, entre outros doutores da Igreja que lutaram contra essas distorções de Roma. Ora, como Roma, considerada por si própria a verdadeira Igreja, pode admitir a veneração de São Gregório de Palamas que foi contrário ao dogma da Filioque e a ocidentalização do oriente pela Igreja Romana?

            Portanto, encerro esse primeiro artigo sobre os estudos do uniatismo, mostrando uma analise sobre pontos específicos, deixando questionamentos aos ocidentais sobre essas incoerências descritas no artigo. Que rezemos pela unidade, pela conversão dos nossos irmãos latinos e o retorno dos irmãos uniatas à verdadeira comunhão.



[1] http://skemmata.blogspot.com/2019/09/uniatismo-um-problema-no-dialogo-entre.html



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